Lágrimas!
Lágrimas que não possuem um motivo aparente à aqueles que estão à minha volta.
Lágrimas que não possuem um único motivo, mas milhares escondidos debaixo da minha alma.
Lágrimas que parecem fúteis diante de tantas bençãos.
Será a depressão uma realidade paralela envolvida em algumas células do meu corpo e mente?
Ou será apenas a vontade de Deus sendo trabalhada em mim, para a minha evolução?
Penso na angústia que tenho sentido ao ficar longe da minha filha, como se por alguns instantes eu andasse sem uma parte de mim.
Lembro de algumas horas antes disso, me culpar pela falta de paciência e querer uma pausa de sua companhia.
Gestando outra vida, meus momentos oscilam como um vento que sopra.
Minha versão sem filhos já não existe, ela já deu espaço para a minha versão mãe.
Achei que a “morte” do antigo “eu” só aconteceria uma vez, mas não.
Estou aqui, “morrendo” mais uma vez.
O que eu achei que aconteceria somente no puerpério, já acontece.
Olhares me magoam, palavras me machucam,uma solidão me inunda.
Como pode a solidão me encontrar quando o que eu mais escuto é “mamãe!!!!!”?
Que dolorido sentir isso mais uma vez no meu casamento, depois da primeira vez achei que estávamos sólidos como pedra.
Será que é coisa da minha cabeça ? Será que nos desconectamos novamente ?
Ou melhor,
Será que vamos nos conectar mais uma vez?
Minha mente já me levou para passear em algumas realidades insuportavelmente dolorosas.
“Me espera” é o desejo que fica gritando dentro de mim, mas que não parece ter forças para se manifestar diante de todo caos que aqui vive.
No meio de toda bagunça energética e emocional, o luto de um familiar me encontrou pela primeira vez.
Que felicidade saber que já não há dor.
Que conforto saber que o céu é infinitamente melhor do que aqui e que você está bem.
Que dor egoísta saber que nunca mais vou poder te abraçar.
Que estranho é viver em um mundo físico sem a pessoa que esteve aqui desde o dia que eu nasci.
Que bom que você está bem e sem dor.
Dualidade.
Enquanto escrevo, minha filha acorda assustada e grita por mim.
“Filha, mamãe está aqui”
Ela volta a dormir.
Eu sou conforto e proteção.
Que felicidade saber que exerço o papel que Deus pediu.
Mas eu falho.
Peço a Deus todos os dias que meu coração esteja alinhado com a Tua bondade e vontade.
Minha conclusão?
Nenhuma.
Que Deus seja colo e proteção.


