Também sou

Também preciso

Publicado em
3 min de leitura
0
Também sou

Eu até poderia dizer que parece que não consigo mais controlar minhas emoções, mas talvez ai que tem morado meu maior erro.

Controlo tudo, o tempo todo. Ou melhor, tento. 

Quero colo, desabafo de filha.

Espera, mais uma vez não consegui, em vez de desabafar fui atropelada por informações e reclamações que eu não tinha condições de escutar naquele momento. Respiro e em vez de explicar o que eu precisava, eu só disse “até mais, beijos”.

Não consegui preencher sequer um pouco daquele “potinho” que estava vazio.

Além de filha, sou mãe. Segui o dia dando aquilo que eu não tinha para dar.

Culpa.

Como posso necessitar tanto de um desabafo na posição de filha e sequer acolher a minha própria na posição de mãe ?

Hipocrisia

Aliás, não.

Eu dei meus 30% naquele dia, quando eu não tinha nada.

Eu fiz milagre aqui dentro, mas por fora a culpa me engoliu, cadê os outros 70%?

"Assim é pouco, não sou uma boa mãe."

Me desespero.

Um gatilho me alcança.

O pior deles.

O gatilho do abuso sexual.

Fico sem saber o que fazer, fico cega.

Desorientada

“Minha filha?”

Preciso de um regulador emocional, sei que minha filha está bem, mas não consigo me regular.

Chamo meu marido, “que desespero por nada, você não pode ficar assim”.

Procurei acolhimento, encontrei julgamento.

Me fechei.

1,2, 3, várias vezes.

Vi ele procurar acolhimento em mim várias vezes, mas também não fui capaz de dar.

Medo

Será o início de um fim?

Será que vou perder minha família?

Amanhã eu vou fazer diferente, vou acolher quando ele precisar.

Assim, mesmo que eu não encontre acolhimento, não vou perder meu casamento.

O amanhã chega e mais uma vez não consigo fazer diferente.

Será realmente o decorrer de um fim?

Medo

Insegurança

Tento desabafar, buscar ele pra perto de mim.

Fui mal interpretada.

Quis elogiar e de alguma forma ele entendeu como ingratidão.

Destinos tão distintos que nem sei como cheguei lá.

Desisto.

Não. Vou tentar mais uma vez, afinal, eu o amo.

“Fique mais perto de nós, sinto saudades”.

Foi o que eu quis dizer, mas não sei quais palavras minha boca externou.

O que chegou até ele foi mais uma vez uma onda de ingratidão.

Será que estou de fato sendo ingrata?

De nada sei,

Mais uma vez vou dormir em um travesseiro de lágrimas.

Não sei para onde ir ou o que fazer.

Deus, me mostre o caminho, eu confio em Ti.

 

Contribua com o trabalho do autor

Gostou do que leu? Apoie o ao autor fazendo uma contribuição via PIX!
Ao contribuir você também poderá comentar neste artigo.

Selecione o valor:

R$ 0,50
R$ 1,00
R$ 5,00
R$ 10,00

Comentários (0)

Gostou deste artigo? Inscreva-se na minha newsletter para receber novidades.

Subscribe